sábado, 30 de junho de 2012

(((d-_-b))) Melody Gardot


Entre bolhas de sabão numa banheira rodeada de homens bem trajados dançando ao seu redor, o video de "Baby I'm a Fool" é uma bela introdução ao som da cantora americana Melody Gardot. O video traz uma atmosfera vintage, elegante e envolvente mas o que mais importa mesmo é a voz dessa incrível cantora, que descobriu seu talento através da músicoterapia depois de sofrer um grave acidente de carro. Muitas foram as sessões de fisioterapia mas o que sustentou sua recuperação foi a música.


Sua carreira foi motivada pelo seu médico, preocupado com as sequelas do traumatismo craniano sofrido no acidente. Com 19 anos, antes de se acidentar, Melody Gardot já tocava piano em bares mas impossibilitada de chegar perto do piano devido à sua condição, ela começou a compôr na guitarra dedicando-se à música como forma de terapia. Gravou algumas músicas quando ainda estava de cama, incapaz de caminhar. Como resultado, foi lançado o EP "Some Lessons - The Bedroom Sessions", em 2005.


O seu primeiro álbum, "Worrisome Heart", uma continuação do EP, surge numa edição independente em 2006, relançado em 2008 pela "Verve Records". Um disco melancólico mas para os ouvidos mais atentos, a surpreendente sonoridade revela uma promissora e criativa cantora, que ilumina a cena jazzy atual. A faixa título é um bom exemplo disso. Num festival de jazz no Japão, Melody Gardot fez uma releitura impecável de "Worrisome Heart".


O álbum "My One and Only Thrill", seu segundo trabalho, veio em 2009. Aclamado pela crítica, conquista espaço no cenário musical sendo nomeado para 3 "Grammy Awards". Os arranjos de cordas foram assinados por Vince Mendoza e a produção de Larry Klein, ambos conhecidos pelos trabalhos com a cantora Joni Mitchell. A deliciosa releitura do clássico "Over the Rainbow", o clima vintage sofisticado de "Baby I'm a Fool" e à francesa em "Les Etoiles" são os destaques e temperam o álbum.


Melody Gardot descreve o novíssimo "The Absence" como um álbum fortemente influenciado pelas suas viagens ao deserto de Marrocos, aos bares de tango em Buenos Aires, as praias do Brasil e nas ruas de Lisboa. Ela esteve 6 meses em Lisboa no ano passado e encontrou em Alfama o refúgio para escrever e compor.


O disco surpreende pelo tom pop-globalizado criado por Melody e o produtor brasileiro Heitor Pereira (Heitor TP - guitarrista da banda de Mick Hucknal, a "Simply Red"). Fica clara a influência brasileira em um clima bossa, desde os primeiros acordes de "Mira", faixa que abre o disco. Em "The Absence", Melody Gardot esbanja classe e escreve um novo e diferente capítulo em sua carreira.


Foto e video: Melody Gardot divulgação

quarta-feira, 27 de junho de 2012

(((d-_-b))) Aaron Neville a Alma dos Neville Brothers ao Lado de Keith Richards na Blue Note Records


O líder da extinta banda "The Neville Brothers" anuncia sua volta pelo selo "Blue Note Records". O disco, produzido por Keith Richards, é uma coleção de clássicos da era "Doo-wop".
"Aaron Neville é um dos mais expressivos artistas de alma soul de todos os tempos. É uma grande emoção ouvi-lo cantar e uma honra recebê-lo para a "Blue Note Records" e de estar envolvido, junto com o lendário Keith Richards, na produção deste álbum". Disse Don Was presidente da gravadora.

Todas as faixas foram escolhidas a dedo por Neville resgatando sua memória afetiva. "Quando eu era criança, doo-wop era como um remédio para mim", diz o músico. "Eu não me importava o que mais estava acontecendo no mundo, enquanto eu poderia cantar junto com Pookie Hudson and The Spaniels, The Flamingos, The Clovers, Sonny Til and The Orioles, Clyde McPhatter, eu era como uma criança em uma loja de doces."

Um grupo estelar de músicos foram reunidos em estúdio na produção do álbum. Além de Keith Richards na guitarra, Greg Leisz na guitarra (Jeff Beck, Sheryl Crow, Bob Dylan, Ryan Adams), Benmont Tench no órgão (membro fundador de Tom Petty e os Heartbreakers), George G. Receli na bateria (Bob Dylan, James Brown) e Tony Scherr no baixo (Bill Frisell, Norah Jones, Rufus Wainwright).
Keith Richards lança sua luz sobre a atmosfera de estúdio e diz: "Esta foi uma "Dreamsession". A banda veio com tudo e Aaron cantava como um anjo. Foi uma honra!"


No final de Abril, Aaron Neville juntou-se a Paul Simon e Wynton Marsalis no "Jazz at Lincoln Center" para o songbook de Paul Simon. Esta foi uma colaboração única e histórica. Durante a carreira de Neville somando 5 décadas, ele tem mostrado uma capacidade camaleônica de executar, colaborar e contribuir para uma ampla gama de gêneros. Um bom exemplo disso é a brilhante participação dos Neville Brothers na série "Red Hot" celebrando a arte de Cole Porter em "In the still of the night"...


Seu último trabalho foi o álbum "I Know I’ve Been Changed" de 2010, uma celebração de esperança as vítimas do furacão Katrina que devastou sua cidade natal Nova Orleans, destruindo a sua própria casa. O disco não tem um só momento de fraqueza, redundância ou arroubos melosos. É o encontro da liturgia com a elegância, é o gospel filtrado pela saculejante e relaxada New Orleans.



Voltando no tempo, seu primeiro sucesso, “Tell It Like It Is”, foi lançado em 1966. Em 69, lançou “Hercules”, talvez sua faixa mais conhecida, e na década seguinte trabalhou com Allen Toussaint.
Com seus irmãos Art, Charles e Cyril, formou o Neville Brothers. O sucesso veio no álbum "Yellow Moon", aclamado pela crítica e pelo público. Na virada da década de 80 para a de 90, gravou com Linda Ronstadt 3 duetos consecutivos: “Don’t Know Much”, “All My Life” e “When Something Is Wrong with My Baby”, ganhando mais prêmios e reconhecimento. Em 2006 ele lançou um dos seus mais importantes trabalhos, o disco "Bring It On Home - The Soul Classics" interpretando clássicos da Soul music.


"I Know I’ve Been Changed" é seu décimo-quinto álbum, e foi produzido por Joe Henry, responsável por álbuns de Elvis Costello, Allen Touissaint e Rodney Crowell. O músico liberou em seu site oficial as cenas de produção em estúdio.


Foto e video: Aaron Neville divulgação

quinta-feira, 21 de junho de 2012

(((d-_-b))) Norah Jones Abre o Coração em seu Novo Disco


É um verdadeiro fascínio observar Norah Jones cantando serena e concentrada na platéia e perceber as maravilhas que ela faz com os instrumentos que toca. Um talento absurdamente natural.
Em "Little Broken Hearts" assim como o anterior "The Fall", a assinatura jazzy dos primeiros anos se dissolve flertando com o Pop, o Rock e o Folk que é, em parte, consequência de colaborações que a cantora fez fora dos discos de carreira, revelando uma artista antenada e bem relacionada, buscando novas referências.


Há cerca de 3 anos, Norah Jones e seu amigo Brian “Danger Mouse” se encontravam em segredo para trabalhar no projeto que se tornaria "Little Broken Hearts". Os dois tocam praticamente todos os instrumentos do disco com colaborações de outros músicos em apenas algumas faixas. Ela disse que foi a primeira vez que entrou em um estúdio sem qualquer canção minimamente preparada ou imaginada.


"Little Broken Hearts", parte diretamente do final da relação de Norah Jones com o namorado. O disco prima pela delicadeza ao registrar o estado emocional da cantora, obra da produção refinada de Mouse e sua habilidade ao mergulhar nos ressentimentos dela, criando um requintado ambiente musical em tom vintage. O video do primeiro single mostra a artista de um jeito que destoa da habitual meiguice. Em “Happy Pills”, ela surge linda, mas cruel e passional como nunca, jurando que vai tirar esse amor de uma vez por todas da cabeça.


Algumas faixas do disco foram apresentadas no "Live on Letterman" que a cantora disponibilizou em sua página oficial no youtube. "Take it Back" é um dos melhores momentos.


Com muito fôlego criativo e intimamente envolvida com sua música, a multi-instrumentista se mostra versátil, e perceber essa dedicação e os méritos do álbum, tornam sua audição um prazer. “Little Broken Hearts” é repleto de sutilezas e é definitivamente um trabalho para ser saboreado do começo ao fim.


Aos 33 anos, Norah Jones gravou 5 discos, tem 12 prêmios "Grammy" no currículo, e se permite experimentar: tem um grupo country, o "The Little Willies", já gravou e colaborou com grandes artistas e estrelou o filme "Um Beijo Roubado" (My Blueberry Nights) em 2007. Na trilha, a bela canção "The Story".




Foto e video: Norah Jones divulgação

sábado, 16 de junho de 2012

(((d-_-b))) John Mayer a Superação de um Artista


O novíssimo “Born And Raised" foi concebido numa fase difícil para John Mayer que decidiu encarar e vencer as dificuldades que passou nos últimos tempos. Turnês exaustivas, relacionamentos desgastados e um intenso tratamento de saúde são os últimos acontecimentos na vida do cantor.
Logo, ao ouvir o CD mais atentamente, nota-se que através de músicas com letras interligadas, o disco possui o conceito de superação.


Com o violão como base, o músico define boa parte do cenário de sua vida, usando uma clássica máquina de escrever para registrar suas letras deixando de lado a tecnologia e criando uma atmosfera mais fiel a sua intenção na construção de um conteúdo mais autobiográfico.


“Queen Of California” abre o disco. Reverências a Neil Young e à diva folk Joni Mitchell. O artista enxerga com otimismo os dias claros que virão após a tempestade. Bem humorado, ele abraça o fato de "dar a volta por cima".
Em “Shadow Days”, primeiro single lançado, o músico sinaliza seu amadurecimento e deixa claro que é uma pessoa de boa índole e livre do lado escuro da vida. Esse novo trabalho demostra um lado reflexivo e mais pessoal do cantor que conta sobre a jornada que fez rumo ao seu crescimento pessoal e destaca a importância familiar em todo esse processo.


Com “Born and Raised”, John Mayer prova mais uma vez, que é um dos artistas mais talentosos da atualidade. No meio da gravação do seu álbum, foi diagnosticado com um granuloma perto das corda vocais necessitando de tratamento cirúrgico. Quase recuperado, terminou o álbum, mas agora teve que dar uma folga da turnê. Ele diz que planeja usar esse tempo de folga para se dedicar a escrever novo material.


John Mayer iniciou sua carreira tocando rock acústico mas não resistiu ao blues colaborando com grandes artistas como B.B. King, Buddy Guy e Eric Clapton. A influência do blues é notável no álbum "Continuum", lançado em setembro de 2006 e vencedor do Grammy. "Belief" é um dos destaques...


 

Foto e video: John Mayer divulgação

quinta-feira, 14 de junho de 2012

(((d-_-b))) Madonna MDNA Tour


Com um palco gigantesco, muitas trocas de cenário e figurino a rainha do pop tá de volta na "MDNA Tour". No show, pode-se esperar o que há de melhor no mundo em tecnologia de som e imagem como a inclusão dos maiores telões de LED já usados numa apresentação musical.


Madonna sabe usar sua imagem como ninguém e acerta no alvo quando se trata de marketing. Estrategicamente, já preparando e anunciando sua nova turnê, ela gravou o video "Girl Gone Wild" revisitando alguns dos momentos mais incríveis de sua carreira como a Dominatrix "Dita" de "Erotica", alguns elementos de "Vogue" e "Human Nature" e o clima de fetiche e sensualidade do polêmico "Justify my Love". O video caiu na rede e os fãs imediatamente responderam as provocações da rainha que aos poucos foi compartilhando as fotos dos ensaios da "MDNA Tour".


A abertura do espetáculo, lembra os anos de 89 e 90 de "Like a Prayer". A cenografia gótica e as coreografias abusando do gestual ritualístico soam como uma viagem no tempo. Passeando pelos seus sucessos rearranjados e as novas músicas, o pontual deboche à Lady Gaga e alguns momentos de delírio (no bom sentido), Madonna apresenta um show mais teatral mas aqueles que acompanham suas turnês desde o começo, dividem opiniões.


Ela revisita suas turnês e sua trajetória, atenta a tudo que a cerca hoje. Um olhar maduro e direto.
Os chamados "interludes", videos produzidos especialmente para os telões, são incríveis. Genial a idéia de fazer uma banda de percussionistas flutuarem criando um clima de "cheerleader" e ainda reger o coro da platéia na novíssima "Turn Up the Radio" e a emocionante "Like a Prayer" com um coral de igreja são os momentos altos da "MDNA Tour".


A interessante investida no estilo "Bond Girl" ou pistoleira armada e perigosa em "Revolver" e "Gang Bang", a incursão pelo "slackline" em "Hung Up", a bela versão de "Vogue" e a brincadeira gostosa com os DJ's em "Celebration" também são alguns dos momentos memoráveis da apresentação.


Arianne Phillips, figurinista de Madonna há mais de 15 anos, é a responsável por todos os looks usados na turnê. Entre os modelos criados pela própria figurinista, estão looks no estido medieval e um uniforme de banda escolar. Madonna veste roupas assinadas pelos estilistas e amigos Jeremy Scott e Jean Paul Gaultier.


O figurino desenhado por Gaultier inclui o famoso sutiã de cone, usado na turnê "Blond Ambition" em 1990. Gautier afirmou em recente entrevista que a idéia era criar uma versão 3D do sutiã. "O que fiz não é o icônico corselete mas uma representação 3D que mistura couro e metal".


Em todos os seus shows, Madonna exibe um vídeo interlude entre um bloco e outro provocando uma reflexão mais profunda do público e dessa vez o tema foi bullying. O polêmico "Nobody Knows me" é um dos pontos altos da MDNA Tour.


A nova turnê começou em Tel Aviv, em Israel, e passará por mais de 32 países, incluindo o Brasil totalizando cerca de 90 apresentações.


Em Paris, fez um pocket-show, uma versão reduzida da MDNA Tour em homenagem à França. Apresentou 9 músicas, sendo que duas delas inéditas, criadas especialmente para esse evento: Beautiful Killer foi combinada ao arranjo de Die Another Day e a clássica música francesa Je T’Aime, Moi Non Plus.


O show no Olympia foi planejado como sendo um sincero agradecimento à França. Um meio de homenagear os artistas franceses e sua colaboração e amor a arte.


Em sua passagem pela Itália, Madonna na companhia de seu amigo de longa data, o fotógrafo Tom Munro, gravam o video "Turn Up the Radio" passeando pelo centro de Florença e às margens do rio Arno. Haja "fôlego" para fazer o show, ensaiar e passar o som e ainda produzir um videoclipe em plena turnê, mas isso, a rainha do Pop tem de sobra!


 Foto e video: Madonna divulgação